Conheça o Mosteiro de Santa Cruz, um mosteiro histórico que abriga os túmulos dos dois primeiros reis de Portugal: Afonso Henriques e Sancho I.
O MOSTEIRO DE SANTA CRUZ
O Mosteiro de Santa Cruz está localizado no centro da cidade portuguesa de Coimbra, entre a Câmara Municipal de Coimbra e o Café Santa Cruz. O mosteiro foi fundado em 1131 durante o reinado de D. Afonso Henriques, o primeiro Rei de Portugal, e pertencia à Ordem dos Cônegos Regrantes de Santo Agostinho.

O terreno para construção foi cedido por D. Afonso Henriques em um local conhecido como Banhos Reis. A fundação do mosteiro ocorreu com a participação de S. Teotónio, primeiro Prior do Mosteiro e que se tornou, posteriormente, o primeiro santo português. Na época de sua fundação, a Igreja do Mosteiro de Santa Cruz considerada a igreja mais importante do país, uma vez que Coimbra havia se tornado capital do Reino de Portugal (Guimarães foi a primeira capital) e D. Afonso Henriques participava dos serviços religiosos quando regressava de suas batalhas durante a Reconquista Cristã.




Junto ao Mosteiro de Santa Maria da Vitória, em Batalha, ao Mosteiro dos Jerónimos e a Igreja de Santa Engrácia, ambos em Lisboa, o Mosteiro de Santa Cruz é reconhecido como um Panteão Nacional, desde 2003, por abrigar os túmulos dos dois primeiros reis de Portugal, D. Afonso Henriques e D. Sancho I.




COMO É A VISITA AO MOSTEIRO DE SANTA CRUZ
Entrar na igreja e observar sua nave única, azulejos nas laterais, órgão e decoração é grátis. No entanto, para acessar o alta-mor (onde ficam os túmulos dos dois primeiros reis de Portugal) e visitar as demais áreas do mosteiro é preciso comprar um bilhete. A bilheteria fica no fundo, à direita da nave, onde está o acesso para a área da Sacristia que dá passagem para as demais áreas abertas à visitação. Cada um dos cômodos conta com totens com QR Codes que, com o uso do celular, trazem informações em 4 idiomas (português, inglês, espanhol e francês).




A figura abaixo mostra a distribuição dos principais cômodos do mosteiro no andar térreo. O Cadeiral do Coro Alto e o Santuário não constam no mapa porque ficam no andar superior, subindo as escadas a partir do Claustro. O Café Santa Cruz e a Câmara Municipal de Coimbra não fazem parte da visita. Confira a legenda:
- Igreja
- Alta-Mor
- Túmulo de D. Afonso Henriques
- Túmulo de D. Sancho I
- Sacristia
- Museu de Arte Sacra
- Lavabo
- Sala do Capítulo
- Capela de S. Teotónio
- Capela de Jesus
- Capela de S. Miguel
- Claustro
- Antigo Refeitório
- Café Santa Cruz
- Câmara Municipal de Coimbra




Em seguida, daremos mais detalhes do que encontrar na igreja, áreas do mosteiro e até mesmo em uma área que já foi do mosteiro e, atualmente, fica fora do complexo.
I. IGREJA
A Igreja e o Mosteiro de Santa Cruz foram construídos entre 1132 e 1223 em estilo românico. Em 1507, o rei Manuel I ordenou uma grande reforma no mosteiro que foi restaurado e redecorado. Nesta época, a fachada foi reformada, duas torres laterais com pináculos foram erguidas e um portal manuelino foi construído.




Além disso, no interior da igreja, uma abóboda em estilo manuelino passou a cobrir a nave única e a capela-mor. Em 1530, foi acrescentado um coro-alto onde foi instalado um belíssimo cadeiral esculpido em madeira e com detalhes dourados. Uma das mudanças mais importantes dessa época foi a transferência dos restos mortais dos dois primeiros reis de Portugal, D. Afonso Henriques e D. Sancho I, para os novos túmulos decorados em estilo manuelino no alta-mor da igreja.




No século XVIII, um novo órgão em estilo barroco foi instalado e as paredes da nave da igreja foram decoradas com azulejos brancos e azuis com passagens bíblicas. Atualmente, não existe praticamente mais nada em estilo românico da época em que as estruturas foram construídas.




II. ÁREAS RESTRITAS DO MOSTEIRO DE SANTA CRUZ
Assim que comprar o ingresso na entrada da Sacristia, você poderá seguir a ordem sugerida de visita ou não. A sugestão oficial do passeio é: (1) Sacristia, (2) Museu de Arte Sacra, (3) Sala do Capítulo, (4) Claustros, (5) Santuário, (6) Cadeiral do Coro Alto e (7) Túmulos.




Embora, segundo a ordem oficial da visita, os “Túmulos” são a última etapa sugerida, recomendamos que assim que comprar o bilhete na entrada da Sacristia, você vire à esquerda para ir para a Capela-Mor onde ficam os túmulos dos dois primeiros reis de Portugal antes de seguir para o restante do mosteiro. Para nós, os túmulos eram o motivo primordial da visita e, por isso, preferimos começar por eles, encerrando no pequeno Museu de Arte Sacra que fica próximo à saída. Nós fizemos o roteiro da seguinte forma: 7 → 1 → 3 → 4 → 5 → 6 → 2, mas você pode fazer como preferir.
1. SACRISTIA
Possivelmente, a maior sacristia de Portugal, ela foi construída por volta de 1622 e tem arquitetura maneirista com uma abóboda no teto. Ela é iluminada por uma grande janela no topo e conta com vários objetos decorativos como um espelho com moldura do século XVIII e quatro imagens junto à uma grande imagem de Jesus crucificado que representam Nossa Senhora, S. João Evangelista, Santa Gúdula e Santa Gertrudes.




As paredes são revestidas com azulejos do século XVII que abrigam pinturas: “O Pentecostes” de Grão Vasco, o “Ecce Homo” e “O Calvário”, A Virgem” e as “Santas Mulheres” de Cristóvão de Figueiredo, todas do século XVII; e “A Descida da Cruz” de André Gonçalves, do século XVIII. Há também grandes esculturas de madeira datadas do século XVII como a Crucifixão com Cristo, a Virgem e S. João, e ainda Santa Gudula e Santa Gertrudes, duas santas da Ordem Agostinha. Do lado da sacristia fica um lavabo revestido de azulejos do século XVII.




2. MUSEU DE ARTE SACRA
Esta sala é um pequeno museu que reúne algumas peças que fazem parte do tesouro do Mosteiro de Santa Cruz como uma Casula que pertenceu aos Mártires de Marrocos (missionários da Ordem dos Frades Menores que foram martirizados no Norte da África em 1220), em tecido de origem mourisca, datada do século XIII. Na Capela do Tesouro pode ser encontrado o Busto Relicário de Prata, de 1610, que abriga o crânio de São Teotónio, um dos fundadores do Mosteiro e primeiro Santo Português, canonizado em 1163.








3. SALA DO CAPÍTULO
A Sala do Capítulo, construída no início do século XVI em estilo manuelino e decorada com azulejos, era o local onde os frades se reuniam em assembleia para tomarem decisões. Em uma das extremidades da Sala do Capítulo fica a Capela de São Teotónio, de arquitetura maneirista, construída em 1588 para receber o túmulo de São Teotónio.




Na Capela de São Teotónio ficam as imagens de São Teotónio e dos 4 Evangelistas (São Mateus, São Marcos, São João e São Lucas), além de abrigar os túmulos de D. Telo (um dos fundadores do mosteiro, falecido em 1136) e de D. João Teotónio (segundo Prior do mosteiro, falecido em 1181), ambos transferidos para o local em 1630.




4. CLAUSTRO DO SILÊNCIO
Saindo da Sala do Capítulo, entra-se no Claustro do Silêncio, um belo claustro construído entre 1517 e 1522 em estilo manuelino no local onde anteriormente ficava um claustro em estilo românico. O claustro possui uma bela decoração em azulejos, do final do século XVIII, com temática religiosa, contendo diversas passagens do Evangelho até a pregação de Cristo. Há três painéis representando “O Calvário”, “A Descida da Cruz” e o “Ecce Homo”.








Caminhando pelo claustro, chega-se a Capela de Jesus, onde ficam os túmulos de D. Pedro Soares (Bispo da Guarda) e de D. Rodrigo de Carvalho (Bispo de Miranda), bem como algumas das imagens originais da fachada da Igreja. Na parte sul, fica o túmulo do infante D. Henrique, filho do Rei D. Sancho I e o túmulo de D. Miguel Salomão, Bispo de Coimbra. O Claustro também abriga duas fontes: uma de 1638 com uma figura de São Miguel no topo; e outra fonte, construída em 1520, conhecida como Fonte de Paio Guterres, em homenagem a um antigo cavaleiro medieval de D. Afonso Henriques durante a formação de Portugal.












5. SANTUÁRIO
Subindo as escadas ficam duas atrações: o Santuário e o Cadeiral do Coro Alto. O Santuário é uma capela construída por volta do século XVIII em formato de elipse em estilo barroco e decoração rococó. O objetivo da construção era reunir em um único espaço todas as relíquias do mosteiro. Alguns destaques decorativos desse magnífico espaço são o retábulo ao centro; a luminária de vidro amarelo, vermelho e verde; as janelas que permitem a entrada de luz natural; e o bonito piso desenhado para criar efeitos tridimensionais.




Quanto às relíquias, o espaço reúne itens de várias épocas, entre as quais as relíquias dos Mártires de Marrocos e de São Teotónio que se encontram dentro de pequenas arcas decoradas com talha dourada. Todos os itens nesta sala são relicários, incluindo 12 pirâmides com 4 faces, que representam os 12 meses do ano e as 4 semanas de cada mês. As relíquias foram sendo colocadas considerando o mês e a semana da morte do santo cujas relíquias estão abrigadas.




6. CADEIRAL DO CORO ALTO
Em madeira esculpida e dourada, em estilo flamengo, o Cadeiral Manuelino começou a ser construído em 1513. Diversos mestres entalhadores trabalharam na confecção deste cadeiral. Inicialmente, o cadeiral ficava na capela-mor, tendo sido transferido para o coro alto para dar espaço para os túmulos de D. Afonso Henriques e D. Sancho I. No topo do Cadeiral, está ilustrado um episódio da Epopeia Marítima dos Descobrimentos Portugueses. A simbologia iconográfica é belíssima e ainda não foi totalmente decifrada, contendo cenas hagiográficas, alegóricas e simbólicas, e combates entre os vícios e as virtudes.








7. TÚMULOS DOS DOIS PRIMEIROS REIS DE PORTUGAL
Para quem olha para o fundo da igreja, à esquerda, fica o túmulo de D. Afonso Henriques e, à direita, do túmulo de D. Sancho I. Ambos os túmulos foram erguidos por volta de 1520 em estilo gótico com diversos detalhes esculpidos com elementos renascentistas e manuelinos. Em 1531, o Rei D. Manuel I que ordenou que os restos mortais dos dois primeiros reis de Portugal fossem transferidos do corpo central da igreja para a Capela-Mor.




>> TÚMULO DE D. AFONSO HENRIQUES
À esquerda do altar fica o túmulo do primeiro rei de Portugal, D. Afonso Henriques, conhecido também como “Conquistador” e “Rei Fundador”. O túmulo é decorado por grandes retábulos com estátuas de santos e também o Escudo de Portugal cercado por anjos e as imagens de São Cristóvão e Santa Helena. Na parte inferior, ao centro, a decoração conta com vários medalhões, nichos e estátuas, incluindo a imagem de Nossa Senhora da Assunção, cercada por anjos, as imagens de S. Marcos e S. Lucas e estátuas dos 12 apóstolos.




>> TÚMULO DE D. SANCHO I
À direita do altar fica o túmulo de D. Sancho I, filho de D. Afonso Henriques e o segundo rei de Portugal, também conhecido como “O Povoador”. O túmulo também possui o Escudo de Portugal esculpido e cercado por anjos, pela imagem de São João Batista e de um imperador romano (há dúvida se é Heraclito ou Constantino). Está decorado por retábulos com imagens de santos e, na parte inferior, estão as imagens de Nossa Senhora do Leite, Santa Catarina, Santa Madalena, S. Mateus e S. Lucas. A decoração também inclui diversos nichos e estátuas com as 4 Virtudes Cardeais (Prudência, Justiça, Fortaleza, Temperança) e as 3 Virtudes Teologais (Fé, Esperança e Caridade).




III. CLAUSTRO DA MANGA
Terminada a visita ao Mosteiro, saia à direita, passando em frente ao belo edifício da Câmara Municipal de Coimbra, e dobre a esquina para chegar ao Claustro da Manga, praticamente atrás do mosteiro. No passado, este local fazia parte do complexo de estruturas que formam o Mosteiro de Santa Cruz. Construído por volta de 1530, é considerado a primeira obra arquitetônica renascentista no pais.




Seu nome se deve à antiga Fonte da Manga, que tinha uma relação com a espiritualidade do mosteiro. Atualmente, é possível ver apenas uma fonte renascentista que ficava no centro do claustro e um pequeno templo, formado por oito colunas, que se conecta a quatro pequenas capelas laterais com espelhos d’água retangulares à frente. Nas capelas, ficam retábulos bastante degradados. O Claustro da Manga não está em um bom estado de conservação e nós ficamos um pouco decepcionados com o seu visual pouco preservado.
O CAFÉ SANTA CRUZ
Do lado direito (para quem olha o mosteiro de frente), fica o histórico Café Santa Cruz. Ele é um dos mais tradicionais Cafés e restaurantes de Coimbra, pois fica instalado no edifício da Igreja Paroquial de São João de Santa Cruz, uma antiga igreja em estilo manuelino construída por volta de 1530. Com a extinção das ordens religiosas no contexto da Reforma Pombalina, os jesuítas foram expulsos do país e a igreja abrigou diversos estabelecimentos, incluindo um armazém de ferragens, quartel da polícia, corpo de bombeiros e casa funerária. Em 1923, foi aberto o Café Santa Cruz, um café/restaurante que recebeu uma fachada em estilo neo-manuelino.




O interior é abobadado e decorado por espaldares de madeira e ainda é possível identificar características da antiga igreja. Nós passamos pelo local após a visita ao Mosteiro para tomar um café e comer uma “tosta com doce” (torrada com geléia) e descobrimos que o único meio de pagamento aceito é dinheiro. (Endereço: Praça 8 de Maio, 3000-300 Coimbra, Portugal | Horários: de segunda a sábado de 8h à meia-noite; domingo de 8h às 20h)




INFORMAÇÕES IMPORTANTES
Mosteiro de Santa Cruz
- Endereço: Praça 8 de Maio, 3001-300 Coimbra, Portugal
- Horários: Igreja: de segunda a sexta de 9h às 17h | sábado de 9h às 12h30 e de 14h às 17h | domingo de 16h às 17h30
- Mosteiro: de segunda a sábado de 9h30 às 16h30 | domingo de 13h às 17h
- Entrada:Igreja: gratuita (sem acesso aos túmulos dos reis na Capela-Mor)
- Mosteiro: €3
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