Conheça todos os detalhes de como visitar o Mosteiro da Batalha, um patrimônio português e mundial que tem uma grande importância na história de Portugal.
O MOSTEIRO DA BATALHA
O Mosteiro da Batalha é um mosteiro dominicano construído a pedido do rei D. João I, a partir de 1387, como agradecimento à Virgem Maria pela vitória na Batalha de Aljubarrota. O mosteiro pertencia à Ordem de São Domingos e foi construído ao longo de dois séculos, durante o reinado de 7 reis e foi inaugurado em 1517, embora a construção tenha sido finalizada oficialmente em 1563 (mas, nunca concluída por completo).

Após a extinção das ordens religiosas em Portugal, orquestrada pelo Marquês de Pombal, em 1834, o mosteiro foi restaurado durante o século XIX, passando por transformações profundas, incluindo a destruição de dois claustros. Foi nessa época que o Mosteiro de Santa Maria da Vitória passou a ser chamado de Mosteiro da Batalha, em uma tentativa de retirar as designações que lembrassem o seu passado religioso.

Desde 1983, o edifício, em estilo manuelino, está listado como Patrimônio Mundial da UNESCO, e, em 2007, também foi eleito uma das Sete Maravilhas de Portugal, além de ser um Panteão Nacional, pois ali estão sepultados diversos nomes importantes da história portuguesa. No Mosteiro da Batalha estão sepultados D. João I, Mestre de Avis (filho ilegítimo do rei D. Pedro I com Teresa Lourenço), D. Filipa de Lencastre (esposa de D. João I), o infante D. Henrique, o infante D. João, D. Isabel, D. Duarte (filhos de D. João I e D. Filipa), D. Fernando (pai de D. João I) , D. Afonso V (filho do rei Duarte I) e D. João II (filho de Afonso V).

UM POUCO DE HISTÓRIA: A BATALHA DE ALJUBARROTA
O Mosteiro da Batalha possui esse nome em devido à vitória na Batalha de Aljubarrota, ocorrida em 14 de agosto de 1385, quando tropas portuguesas, juntamente com aliados ingleses, liderados por D. João I de Portugal, derrotaram o exército castelhano e aliados, comandados por João I de Castela. Mesmo com um número muito inferior de soldados (6,5 mil versus 31 mil), os portugueses venceram esta batalha que consolidou D. João I como rei de Portugal. A Batalha ocorreu no Campo de São Jorge, nos arredores da vila de Aljubarrota e foi uma das maiores batalhas da Idade Média. A batalha foi inovadora em questão de tática militar e resolveu a disputa que havia entre o Reino de Portugal e o Reino de Leão e Castela, abrindo espaço para a Dinastia de Avis dar início a Era dos Descobrimentos. Além disso, no campo diplomático, permitiu a aliança entre Portugal e Inglaterra, através da Aliança Luso-Britânica, a mais longa aliança militar entre dois países que dura até os dias de hoje.
TOURS E EXCURSÕES PARA O MOSTEIRO DA BATALHA
Para quem deseja toda a praticidade de uma excursão ou tour guiado, há diversos deles! Os mais famosos são os que saem de Lisboa e incluem uma visita ao Mosteiro da Batalha, incluindo outros lugares como o Santuário de Fátima, Nazaré e a charmosa cidade medieval de Óbidos. Os tours são muito práticos para quem não quer alugar carro ou depender de transporte público, tem pouco tempo, e/ou gosta de ter um guia especializado explicando tudo sobre os locais visitados. Confira algumas das opções abaixo.
O QUE VISITAR NO MOSTEIRO DA BATALHA
Abaixo está um mapa com as principais áreas para visitar no Mosteiro da Batalha, incluindo a igreja, as principais áreas do mosteiro e também para as Capelas Imperfeitas, acessadas separadamente. Em seguida, confira informações sobre cada uma das áreas que podem ser visitadas.

Legenda do Mapa do Mosteiro da Batalha:
- ENTRADA E NAVE DA IGREJA
- CAPELA DO FUNDADOR
- CLAUSTRO REAL
- SALA DO CAPÍTULO
- ADEGA DOS FRADES
- FONTE
- MUSEU DAS OFERENDAS AO SOLDADO DESCONHECIDO (Antigo Refeitório)
- LOJA (Antiga Cozinha)
- CLAUSTRO D. AFONSO V
- CAPELAS IMPERFEITAS
1. ENTRADA E NAVE DA IGREJA DE SANTA MARIA DA VITÓRIA
A entrada principal da igreja é feita por um pórtico decorado por baladaquinos (um tipo de dossel), e imagens de 6 Apóstolos de cada lado. Acima dos Apóstolos, ficam imagens de virgens, mártires, confessoras, papas, bispos, diáconos, monges e mártires. São tantos detalhes, estátuas e reentrâncias que valem a pena serem observados antes de entrar na bela nave da igreja.

Santa Maria da Vitória é o nome oficial da igreja do Mosteiro da Batalha. Ela possui mais de 80 metros de comprimento, 22 metros de largura e 32,5 metros de altura e sempre teve como objetivo expressar o poder do rei D. João I através de um edifício monumental.


A igreja é formada por três naves, sendo as duas laterais mais estreitas e com teto mais baixo do que a nave principal. As naves levam até a área do transepto, em que no centro do cruzeiro fica um moderno altar-mor. Além disso, é composta por cinco capelas poligonais, com uma capela central maior que as doutras quatro. A capela-mor tem dois andares e é iluminada pela luz solar através de seus vitrais, alguns do início do século XVI. As abóbodas são decoradas por nervuras com ogivas e cadeias.

DICA! Para a visita a nave da igreja não é necessário ter um ticket comprado na bilheteria que fica à esquerda assim que se entra na nave. No entanto, para acessar as demais áreas como a Capela do Fundador, o Mosteiro propriamente dito e as Capelas Imperfeitas é preciso exibir o ticket para um funcionário validar.

2. CAPELA DO FUNDADOR
Localizada à direita da entrada da nave fica a belíssima Capela do Fundador, um dos pontos altos da visita. A capela foi finalizada em 1434 e é repleta de componentes arquitetônicos e artísticos. Ela não estava prevista no plano inicial do mosteiro, mas foi construída por decisão de D. João I de fazer um panteão familiar.


A Capela do Fundador tem planta quadrangular e, ao centro, há um octógono coberto com uma lindíssima abóboda estrelada que serve como um dossel acima dos elegantes túmulos do rei D. João I e da rainha D. Filipa de Lencastre.


Na parede de fundo, no lado sul, estão os túmulos dos filhos dos reis que datam do século XV. Da direita para a esquerda: túmulo do Infante e Regente D. Pedro e sua mulher Isabel de Urgel, duquesa de Coimbra; de D. Henrique, o Navegador e Mestre da Ordem de Cristo; do Infante D. João, mestre da Ordem de Santiago e sua esposa D. Isabel; e de D. Fernando, mestre da Ordem de Avis. No início do século XX, o Rei D. Carlos I, encomendou três arcas funerárias que se encontram no lado oeste da Capela. Neste local estão sepultados, da esquerda para a direita: o rei D. Afonso V, neto de D. João I; o rei D. João II, filho de D. Afonso V; e o príncipe herdeiro D. Afonso, filho de D. João II.

3. CLAUSTRO REAL
Uma porta do lado esquerdo da igreja (é preciso mostrar o ticket para acessar), dá acesso ao belíssimo Claustro Real do Mosteiro da Batalha. Construído entre 1448 e 1477, o Claustro Real fazia parte do projeto inicial, juntamente com a igreja, a sacristia, a casa capitular, dormitório, refeitório e cozinha.


Também chamado de Claustro de D. João I, tem planta quadrada com 50 metros de lado e arcadas ogivais. Sua decoração rendilhada esculpida em estilo gótico (incluindo quatrefólios, flores-de-lis e rosetas) forma uma combinação incrível com o estilo manuelino nas telas de arcada com colunas retorcidas. Se você já teve a oportunidade de visitar o Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, vai achar bem parecido.

4. CASA DO CAPÍTULO
A porta que dá acesso a esta sala é coberta por um grande arco ogival e possui janelas geminadas com espelhos vazados. A Casa do Capítulo é uma área quadrangular com paredes 19 metros de comprimento coberta por uma abóboda estrelada de oito pontas. Este costumava ser um local importante no cotidiano dos frades dominicanos, que se reuniam para refletir e para discutir assuntos relevantes do dia. Do lado leste, há uma bonita janela de três lumes e alta bandeira com vitrais que datam de 1514 e representam três momentos da crucificação de Cristo. Em 1921, foram trazidos para este espaço os restos mortais de dois soldados desconhecidos da Primeira Guerra Mundial. A abóboda da Casa do Capítulo fica iluminada pela “Chama da Pátria” e tudo é guardado por militares portugueses que ficam ao lado do túmulo que homenageia os milhares de portugueses que sucumbiram durante a guerra.

5. ADEGA DOS FRADES
A Adega dos Frades é uma área de características góticas que, no passado, era usada como antigo dormitório dos frades. Posteriormente, o local passou a funcionar como uma adega e, por isso, tem esse nome. No entanto, atualmente, o local é utilizado como um Centro de Interpretação do Mosteiro (fechado temporariamente).

6. FONTE
O convento foi construído em um vale com densa vegetação e na confluência de vários cursos de água, facilitando a instalação de um sistema hidráulico, que ajudavam a abastecer os banheiros dos frades, cozinha e outros ambientes. No centro do claustro real, há um poço com grande capacidade de retenção de água que ajudou na construção, no século XV, de um importante sistema de água e esgoto, que até hoje se mantém parcialmente intacto e ativo.

Aproveite para admirar a bonita fonte ornamental do lado noroeste claustro que também era chamada de lavabo e era utilizada para tonsura (cerimônia religiosa é feito um corte específico de cabelo nos clérigos, reduzindo o cabelo a um pequeno círculo ao redor da cabeça), além de lavagem das mãos e rosto. Ela é constituída por um chafariz e duas bacias mais pequenas acima, iluminadas pela luz que penetra através do intrincado rendilhado dos arcos à sua volta.

7. MUSEU DAS OFERENDAS AO SOLDADO DESCONHECIDO (Antigo Refeitório)
O antigo refeitório do mosteiro abriga um museu que homenageia o Soldado Desconhecido na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Este museu pertence à Liga dos Combatentes e exibe objetos interessantes oferecidos ao Soldado Desconhecido, assim como troféus da Primeira Guerra Mundial e prêmios militares. Vale lembrar que Portugal entrou no conflito em defesa de seus territórios na África que estavam sendo ameaçados pela Alemanha, anexando parte das colônias portuguesas de Angola e Moçambique.
8. LOJA (Antiga Cozinha)
Dentro do Mosteiro da Batalha fica uma lojinha de presentes que fica localizada na antiga cozinha. A loja oferece réplicas de imagens religiosas, livros, guias, cartões postais, louças, joias, publicações variadas e muitos artigos para presentear. Confira alguns dos produtos disponibilizados na loja acessando este link.

9. CLAUSTRO D. AFONSO V
O Claustro de D. Afonso V é simples e tem dois andares. Quase caminhando para a saída, você verá uma escada para subir para o piso superior e chegar a área superior. Durante a primeira ampliação do convento, no final do século XV, foi erguido um dos primeiros claustros de dois andares de Portugal.

Ele foi construído obedecendo critérios de simplicidade estrutural e austeridade decorativa. Ele foi erguido durante a primeira ampliação do convento com o objetivo de acolher a necessidade de armazenamento e de latrinas, no piso térreo, e de celas, biblioteca e outros cômodos, no piso superior.


10. CAPELAS IMPERFEITAS
Saindo da igreja, chega-se às Capelas Imperfeitas, cujo nome oficial é Panteão de D. Duarte. Foram construídas em formado octogonal e com 7 capelas laterais. O nome “imperfeitas” é uma referência ao fato de elas estarem inacabadas, uma vez o teto central nunca foi terminado.


A construção dessa estrutura foi iniciada por volta de 1434 a pedido do rei D. Duarte. No entanto, tudo mudou a partir de 1437 quando o rei e, em seguida, o mestre arquiteto Huguet faleceram, inviabilizando a conclusão da capela.

Durante o reinado de D. Manuel, as 7 capelas foram concluídas e são decoradas por abóbadas esculpidas com escudos de armas e emblemas. Foi somente por volta de 1940 que o túmulo duplo da capela capela axial do Rei D. Duarte e da Rainha D. Leonor.

NOSSA EXPERIÊNCIA NO MOSTEIRO DA BATALHA
Chegamos em Batalha em uma manhã ensolarada depois de um dia na linda cidade de Braga. Estacionamos o carro e seguimos para o Mosteiro da Batalha, passando pelo Largo do Mosteiro da Batalha onde fica a Estátua Equestre do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, que fica na lateral.

Já tínhamos entrado em contato com o diretor do Mosteiro da Batalha, Joaquim Ruivo, que nos garantiu entrada gratuita para a visita. Fomos diretamente na bilheteria e lá estavam os nossos nomes e entrada liberada para visitar o complexo.

O ticket precisa ser mostrado em 3 ocasiões: para entrar na Capela do Fundador, para acessar o Claustro Real e para conhecer as Capelas Imperfeitas. Por isso, fique com seu ticket durante todo o passeio. Seguindo as recomendações de visitação, passamos pela nave da igreja e fomos para a Capela do Fundador, onde ficamos deslumbrados com a arquitetura, vitrais coloridos e os túmulos ornamentados de personalidades portuguesas.



Seguimos percorrendo a nave da igreja, visitando as capelas e admirando a amplitude da linda igreja, passando pelo alta-mor, até acessar a porta que leva ao belíssimo Claustro Real.

Circulando o claustro, passa-se pela Casa do Capítulo, Adega dos Frades (estava fechada para manutenção), Fonte, Museu das Oferendas ao Soldado Desconhecido e Loja. Saindo do mosteiro, pertinho da entrada dos banheiros, fica uma escada que leva para o Claustro de D. Afonso V, muito simples e sóbrio. Descendo as escadas novamente, é hora de sair do mosteiro e ir até a área das Capelas Imperfeitas que são perfeitamente imperfeitas. O que era para ser algo inacabado, acabou sendo um charme diferenciando o Mosteiro da Batalha de outros mosteiros. A visita foi incrível, repleta de história, beleza e arte!

Agradecemos à Direção-Geral do Patrimônio Cultural do Mosteiro de Santa Maria da Vitória – Batalha pelos ingressos para visitar a atração. Todas as opiniões deste post foram feitas conforme as nossas experiências durante a visita.
CONHEÇA TAMBÉM: CENTRO DE INTERPRETAÇÃO DA BATALHA DE ALJUBARROTA
Aberto em 2008, o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota é um museu que tem como objetivo fazer estudo de campo, preservar e exibir informações sobre a Batalha de Aljubarrota em 1385, bem como divulgar dados históricos sobre o século XIV. O Centro se localiza em São Jorge, no local onde a batalha ocorreu, a pouco mais de 3,5 km a sul do Mosteiro da Batalha e possui quase 2 mil m² de área. O museu possui uma área de exposição dedicada à Batalha de Aljubarrota, um auditório que exibe um filme que reconstitui a batalha, além de programas educativos e uma área de exposições temporárias.
- Endereço: Av. Dom, Av. Nuno Álvares Pereira 120, 2480-062 Porto de Mós, Portugal
- Horários: de terça a domingo de 13h às 17h | fechado às segundas-feiras
- Entrada: 7 € | compre ingressos neste link

INFORMAÇÕES IMPORTANTES
Mosteiro da Batalha
- Endereço: Largo Infante Dom Henrique, 2440-109 Batalha, Portugal
- Horários: diariamente
- de meados de outubro a outubro de 9h às 18h (última entrada às 17h30)
- de abril a meados de outubro de 9h às 18h30 (última entrada às 18h)
- Entrada:
- Bilhete Individual: 6€ | gratuito para menores de 12 anos
- Bilhete Patrimônio Mundial (Alcobaça, Batalha, Convento de Cristo): 15 € – válido por 7 dias
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