Conheça a Quinta das Lágrimas, em Coimbra, um dos lugares trágicos da história de Portugal, palco da dramática história de amor entre Inês de Castro e Pedro I.
A HISTÓRIA POR TRÁS DA QUINTA DAS LÁGRIMAS
A Quinta das Lágrimas é um lugar histórico que está relacionado com o fim de uma história de amor de um casal que seria a versão portuguesa de “Romeu e Julieta”. Trata-se do relacionamento amoroso entre Inês de Castro e o futuro Rei D. Pedro I de Portugal que além de amor, envolve política, tragédia e lendas. Por este motivo, é impossível falar sobre o que visitar no local, antes de explicar o porquê ele se tornou importante para a história de Portugal.
>> O ROMANCE DE PEDRO E INÊS
Inês de Castro era uma nobre galega nascida por volta de 1320. Pedro, por sua vez, era um infante, filho do do Rei Afonso IV, também nascido na mesma data. Em 1339, Pedro se casou com D. Constança Manuel, na Sé de Lisboa. No entanto, o futuro rei acabou se apaixonando por uma das damas de companhia de sua esposa, a jovem Inês. O romance começou a ser muito mal visto pela corte que temia que a jovem, de descendência castelhana, pudesse ser um influência negativa sobre o reino. Embora com muitas oposições, o jovem casal continuou a se encontrar às escondidas.

Em 1344, o Rei D. Afonso IV mandou exilar Inês no Castelo de Albuquerque (na fronteira castelhana, atual Espanha) onde havia sido criada por sua tia. Porém, a distância não apagou a chama entre os amantes, que continuaram a manter contato. No ano seguinte, a esposa de Pedro, D. Constança, morreu no parto do futuro Rei D. Fernando I. Pedro viúvo, ignorou as objeções do pai e ordenou o regresso da amada a Portugal, provocando um escândalo na corte. Seu pai, o Rei D. Afonso IV tentou arranjar um outro casamento para o filho, que rejeitou. No entanto, passou a ter vários filhos ilegítimos com Inês. Com receio de que um dos bastardos se tornasse rei de Portugal no futuro e com boatos de que havia planos para matar o único filho legítimo de Pedro, o rei decidiu tomar uma medida drástica para pôr um fim ao dilema.
>> A MORTE DE INÊS DE CASTRO
Pedro e Inês estavam residindo no Paço de Santa Clara na cidade de Coimbra. Conhecido atualmente como Convento de Santa Clara-a-Velha, o local foi construído pela avó de D. Pedro, a Rainha Santa Isabel, com o desejo de que o edifício foi habitado exclusivamente por reis, suas esposas legítimas e seus descendentes. Com receio de que Pedro se casasse com Inês e isso se tornasse um problema político, o Rei Afonso VI deu a ordem de que ela fosse executada.

Inês foi assassinada em 7 de janeiro de 1355, provavelmente no Paço de Santa Clara, embora a lenda diga que foi nos Jardins da Quinta das Lágrimas, pelos punhais de três fidalgos. Também segundo a lenda, as lágrimas de Inês derramadas no Rio Mondego (que corta Coimbra) teriam criado a Fonte das Lágrimas na Quinta das Lágrimas e que, inclusive, as algas avermelhadas que ali existem seriam o sangue derramado no momento de sua morte.





>> A REVOLTA DE PEDRO
Após a execução da amada por ordem de D. Afonso VI, Pedro se revoltou contra o pai, que acabou falecendo dois anos mais tarde. Em 1357, D. Pedro I foi coroado rei de Portugal e revelou que havia se casado com Inês às escondidas, em 1354. Em 1360, com a Declaração de Cantanhede, os quatro filhos de ambos foram legitimados. Pedro também ordenou a construção de um túmulo especial para sua amada no Mosteiro de Alcobaça para que seus restos mortais descansassem no local.

Uma das lendas surgidas anos mais tarde, provavelmente, no século XVI, é que Pedro havia mandado desenterrar a falecida esposa e obrigado a corte a beijar a mão do seu cadáver, coroando sua amada rainha póstuma de Portugal. Por conta desta trágico fim do romance, uma frase se tornou popular: “Pedro, agora Inês é morta!”. D. Pedro I não se casou novamente e morreu doze anos após a sua amada, em 1367. Seu túmulo está bem em frente ao de Inês, do lado oposto da nave da Igreja do Mosteiro de Alcobaça.
A QUINTA DAS LÁGRIMAS
Localizada do lado oposto do centro histórico de Coimbra, atravessando o Rio Mondego, a Quinta das Lágrimas é uma propriedade de cerca de 18 hectares onde fica um antigo palácio do século XIX. “Quinta” é a forma como é chamada uma propriedade rural em Portugal, que consiste em um tipo de fazenda que inclui uma moradia. Inicialmente, o local era conhecido como Quinta do Pombal e era uma área de caça da família real portuguesa. Posteriormente, pertenceu a uma ordem religiosa.
>> O PALÁCIO DA QUINTA DAS LÁGRIMAS
Em 1730, a quinta foi adquirida pela família Osório Cabral de Castro que decidiu erguer um palácio no terreno. No entanto, em 1879, um incêndio destruiu grande parte do edifício, que foi reconstruído no final do século XIX em um estilo bem diferente do original com uma biblioteca e uma capela. O edifício tem um corpo central e dois laterais. Os corpos laterais apresentam varanda com colunas quadradas na fachada.

Durante as décadas de 1980 e 1990, a quinta e o palácio passaram por um profundo projeto de restauração. Em 1995, o luxuoso Hotel Quinta das Lágrimas foi aberto no edifício do antigo palácio, que conta com piscina, campo de golf, spa e dois restaurantes, sendo um deles, o Arcadas, com estrela Michelin.





>> O JARDIM DA QUINTA DAS LÁGRIMAS
Por volta da década de 1850, foi construído um jardim romântico com lagos e plantas exóticas de vários lugares do mundo. Posteriormente, uma porta em arco e uma janela neo góticas, que dão acesso à mata da Quinta foram construídas, junto à entrada da mina construída a pedido da Rainha Santa Isabel.



Em 2006, foi a vez de restaurar os jardins, que possuem mais de 50 espécies de plantas, recriado um jardim medieval. Foram feitos restauros nos muros e nos canais onde ficam a “Fonte dos Amores” (homenagem ao amor de Inês e Pedro) e a “Fonte das Lágrimas” (homenagem às lágrimas derramadas por Inês ao ser morta).



Além disso, foram plantadas árvores, uma alameda de sequoias, construído o Anfiteatro Colina de Camões, dois Lagos (Lago do Bambuzal e Lago do Anfiteatro) e até mesmo criado um jardim japonês (no interior do hotel).





Embora o hotel possa ser conhecido somente por quem se hospeda, os jardins estão abertos à visitação. Basta comprar o ticket na bilheteria que fica na rua atrás do hotel. Na entrada, você receberá um folheto com um mapa sobre as principais atrações dos jardins.


>> A FUNDAÇÃO INÊS DE CASTRO
Os jardins são mantidos pela Fundação Inês de Castro (sediada na Quinta das Lágrimas e instalada na Galeria Inês de Castro), que abriga um Centro de Documentação e um Espaço Museológico. O espaço foi criado em 2005, e, em 2014, foi criado um Sistema Integrado de Informação da Fundação Inês de Castro. No final de 2021, o espaço foi renovado para acomodar a doação da Professora Doutora Maria Leonor Machado de Sousa, que foi a maior autoridade científica do assunto.


INFORMAÇÕES IMPORTANTES
Jardim da Quinta das Lágrimas
- Endereço: R. José Vilarinho Raposo 1, 3040-382 Coimbra, Portugal (bilheteria)
- Horários:
- de meados de março a meados de outubro: de terça a domingo de 10h às 19h | fechado às segundas-feiras
- de meados de outubro a meados de março: de terça a domingo de 10h às 17h | fechado às segundas-feiras
- Entrada: 2,50€ | 1€ (menores de 15 anos e maiores de 65 anos) | 5€ (2 adultos + 2 crianças)
- Visitas Guiadas: 5€ por pessoa (mínimo de 5 pessoas)
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