Neste post especial, nossos amigos Juliana e Gustavo escreveram seus relatos de uma incrível viagem pela China, país que incluíram em no roteiro de uma viagem de volta ao mundo que fizeram em 2014. Foram 17 dias no país, passando pelas cidades de Xangai, Pequim e Hong Kong. Embarque conosco nesta viagem e conheça um pouco mais deste país cheio de encantos através das experiências desses queridos Amigos Viajantes.
UMA INCRÍVEL VIAGEM PELA CHINA
Fomos à China como parte de uma viagem de volta ao mundo, um sonho antigo que realizamos de julho a outubro de 2014. Uma viagem dessa natureza não é para se aprofundar, mas sim para “ciscar” por destinos diferentes, e assim foi na China, um país colossal, com uma história antiga de líderes sanguinários, tradições milenares e, talvez, a maior concentração mundial de diversidade, em todos os sentidos. Templos, arrozais, desertos, florestas, vários climas, povos, o país que domina há anos a agenda de crescimento econômico do planeta e eterna ameaça de um estopim bélico, pelo seu tamanho, poder e localização, com vizinhos que são verdadeiras granadas. O gigantesco país faz fronteira com Rússia, Coreia do Norte, Mongólia, Afeganistão, Paquistão, Índia, Tailândia, Vietnã e muitos outros. Fizemos a viagem de volta ao mundo com o fantástico produto de mesmo nome (RTW – Round the World) da Star Alliance, que permite rodar o planeta com as diversas companhias da aliança. Iniciamos em Los Angeles para tomar um ar e fazer umas compras antes de encarar o imenso voo Los Angeles – Xangai que nos levou ao outro lado do mundo com 28 horas de diferença, somando o voo e o fuso.

Nesta viagem, passamos por Xangai, Pequim e Hong Kong. Nesse primeiro post, falaremos de impressões e dúvidas gerais sobre a China. Faremos posts específicos para cada local visitado. Acreditamos que o ato de viajar exige do viajante uma certa leveza, mas quando você pensa em China, é prudente que esta leveza seja ainda maior. Tudo é muito diferente. Ao mesmo tempo em que você se preocupa e fica nervoso com algo, você também se emociona. E é justamente aí que está o segredo. Emoção. Paixão. Aguentar comer coisas que você nunca comeu e até hoje nunca descobriu o que comeu. Andar embaixo de um calor de 45ºC com mapa cheio de palitinhos e depois descobrir que já andou 1 km para o lado errado. Lavar a roupa no banheiro e aprender que pendurar na janela não é um problema tão grande assim, afinal, o seu amigo ali ao lado pendura o edredom na rua.




E quando você acha que a sua vida é dura, que o seu país é complicado, o mundo te mostra uma turma muito mais sofrida e guerreira. E aí você respira fundo e fala, vamos lá, temos mais um dia de 45ºC e mais um restaurante estranho para descobrir. Geralmente, amigos e conhecidos costumam ter curiosidades e perguntas parecidas. Desta forma, optamos por listar e respondê-las de forma rápida para que possamos entrar nos detalhes de cada cidade.
Qual das três cidades vocês mais gostaram e por quê?
Gostamos mais de Hong Kong, pois achamos a mais moderna. O processo de migração é eficiente. Muitas pessoas falam inglês. As ruas são limpas e os ônibus são idênticos aos ingleses.




O que mais encantou vocês na China?
- Presenciar os idosos praticando Tai Chi Chuan nas praças públicas.
- As lamparinas vermelhas espalhadas por todos os lugares.
- Constatar como o povo chinês é trabalhador e guerreiro. E que apesar das dificuldades e da superpopulação, aparentemente parecem ser alegres e felizes.
- Em muitos pontos da cidade, por menos de R$ 30, você pode ter uma experiência de massagem nos pés de forma despretensiosa.




O que vocês acreditam que os brasileiros não gostariam de vivenciar na China?
- Comer ovo preto. Esta iguaria fica enterrada por 30 dias antes de ser cozida e servida.
- Precisar pechinchar na maioria das negociações.
- Os restaurantes costumam pendurar patos e porcos, ou manter os patos vivos em gaiolas na rua. Outros restaurantes disponibilizam os frutos do mar vivos para que o cliente possa ver antes de apreciá-lo. Alguns restaurantes não têm facas e outros não possuem guardanapos.
- Não poder frequentar a farmácia tradicional como a nossa. As farmácias são de medicina chinesa.
- Com exceção de Hong Kong, quase ninguém fala inglês, principalmente os taxistas.
- Ver as roupas e edredons secando em varais montados no meio das ruas.
- Sorvete de chá verde.
- Lidar com uma quantidade monumental de motos e bicicletas para atravessar a rua.
- Ter que utilizar banheiros públicos sem porta e com qualidade bem baixa de higiene.
Vocês comeram escorpião?
- Não comemos. Na verdade, não é uma iguaria comum para o povo chinês, mas sim uma peculiaridade meio turística.




Qual dica vocês me dariam?
- Ao sair do hotel, peça ao recepcionista que lhe dê um cartão com o endereço do hotel escrito em chinês, pois os taxistas não entendem inglês. E não perca este cartão por nada deste mundo! Não adianta mostrar os endereços no nosso alfabeto, eles não entendem.
- Carregue em sua mala uma farmácia básica, pois não encontramos farmácia nos conceitos ocidentais.
- Fique em hotéis bons e de redes ocidentais, pois assim, você terá a oportunidade de ter o café da manhã e o menu do quarto com uma cartela de pratos ocidentais.




Vocês conseguiram comprar chip para o seu celular?
- Pedimos para o gerente da recepção do hotel escrever em Chinês que gostaríamos de comprar 2 chips para celular e colocasse em chinês tudo o que fosse necessário. Assinamos um contrato em chinês (!). Deu para quebrar o galho. Valeu a pena, apesar das restrições à Internet na China.
ROTEIRO DE VIAGEM PELA CHINA
PRIMEIRA PARADA: XANGAI
Xangai é a maior cidade da China e uma das maiores áreas metropolitanas do mundo. Pegamos o trem que vai a 400 km/h e chegamos numa estação no centro de Xangai. De lá pegamos um táxi que tentou nos roubar. E chegamos ao hotel Les Suites Orient em frente à estação de Ferry, na Bund, a principal avenida (e talvez, atração) da cidade. Hotel excelente. Xangai foi uma escolha acertada para entrar na Ásia. A explosão econômica e o histórico das concessões francesa e britânica fazem de Xangai um porto mais seguro para uma transição de quem vem do Ocidente. A Bund, avenida que é cartão postal da cidade, é linda, e ilustra bem o convívio de uma Xangai clássica (prédios que lembram os de Paris) de um lado do rio Huangpu e, do outro, o mega-moderno e novo distrito de Pudong, com alguns dos prédios mais altos e modernos do mundo, um centro financeiro muito mais impressionante que Wall Street e a cara mais “ocidental” da cidade.




Apesar de Xangai ser imensa, as duas áreas turísticas mais importantes da cidade são relativamente pequenas e perto entre si. Os respectivos nomes são Bund e Pudong. Elas estão separadas pelo rio Huangpu, e conectadas por balsas, metrô, ponte e túnel. Nós optamos pela balsa. Pudong é um centro financeiro e administrativo com cheiro de tinta, uma região de prédios modernos (com alguns dos mais altos do mundo). Bund é uma grande orla que as pessoas utilizam para caminhar, levar as crianças para brincar e apreciar o maravilhoso SkyLine da região de Pudong do outro lado do rio.




A experiência mais marcante de Xangai é andar pela rua e ver como é a vida em um local tão diferente. Falando em atrações turísticas, o local mais incrível é a Cidade Velha, cujo maior marco é o Jardim Yu e a linda casa de chás Huxiting. Vale passear também pela metida a cult região de Tianzifang, que é perto da Concessão Francesa, pelo imperdível Museu de Posters da Propaganda do Partido Comunista e assistir a um espetáculo do Circo Chinês, com atrações muito superiores às dos endinheirados canadenses do Soleil.




Atividades que adoramos fazer em 5 dias de Xangai:
- À noite, na margem do rio do lado do Bund, vale à pena caminhar na calçada larga e apreciar a iluminação espetacular da moderníssima Pudong. E, bem cedo, correr na orla para presenciar os idosos praticando tai chi chuan;




- Atravessar o rio Huangpu de Shanghai Ferry;
- Subir até o topo do Shanghai Financial Center e contemplar o visual da cidade lá de cima;
- Visitar o maravilhoso Yu Garden e tomar uma xícara de chá na Casa de Chá Huxingting.








- Entrar no templo de Confúcio;
- Visitar a região da Concessão Francesa;
- Descobrir o local do Museu da Propaganda Chinesa. Este lugar me surpreendeu levando em consideração a história de repreensão chinesa com a população e a forma como o Governo chinês se comunicava com o povo e com o mundo.
Devido a um alerta de testes nucleares, fomos de Xangai a Pequim de trem, apesar de ter um voo já comprado. O contratempo tornou-se uma experiência riquíssima para observar um país que, desde o começo do século, cresceu mais de 8% ao ano.
DE XANGAI A PEQUIM: TREM
- Viagem excelente, menos de 5 horas de viagem. Conseguimos percorrer os 1.300 km que separam estas 2 grandes cidades de forma muito tranquila. Tudo estava excelente, desde a estação, o vagão, as instalações e a pontualidade.
- O mais interessante em poder viajar de trem é visualizar, mesmo que de forma muito rápida, o interior da China. Puder ver as fábricas, os campos de arroz e as pequenas cidades perto das fábricas. Foi uma experiência bem legal.
- Fábricas, estradas, prédios, o país é um verdadeiro canteiro de obras, de crescimento e de diversidade.
- Aprendemos na viagem de 5 horas que os chineses berram ao telefone e, uma dica: jamais entre em um trem sem levar comidas e bebidas que lhe agradem.
SEGUNDA PARADA: PEQUIM
Depois de Xangai e Hong Kong, vem Pequim em termos populacionais. Em Pequim você pode sentir a história no ar. É impressionante. A chegada a Pequim foi impactante – pegar um táxi foi um martírio, já que eles hesitam em parar para ocidentais. Para conhecer as duas celebridades de Pequim (Cidade Proibida e Muralha), contratamos um guia excelente, com apelido ocidental de DAVID, que excedeu as nossas expectativas, pois levou-nos aos Correios, a restaurantes locais, fala ótimo inglês e é bem adaptado aos ocidentais. Não cogite a hipótese de usar um serviço na China ou visitar algum desses locais sem um guia, compensa muito. O passeio à Cidade Proibida nos custou 300 yuan (50 dólares) e a longa viagem à muralha de Mutianyu custou 800 yuan (130 dólares). Uma pechincha tão grande que demos uma boa caixinha.




É difícil descrever a sensação desses locais. Como vários outros do mundo, são construções inacreditáveis, mas com um lado obscuro de matança e tortura de muita gente e arrombo de cofres públicos para colocá-las em pé. Você pode sentir-se meio hostilizado em Pequim. Não estranhe, leia a história e sobre a cultura do povo chinês e você entenderá. Soubemos nessa viagem que, nas Olimpíadas de 2008, pouquíssimos turistas de fora foram autorizados a visitar a China, fizeram um evento quase local para correr o menor risco possível.
Comida em Pequim não é fácil. Já passamos da fase de negar a condição de turista e achar que temos que provar de tudo. Olhamos e fazemos força para gostar, mas se não der vontade, não provamos. Fomos a bons restaurantes locais com o guia, mas visitamos o Burger King mais de uma vez.




Atividades que adoramos fazer em 6 dias de Pequim:
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Cidade Proibida
Ela passou a ser aberta ao público em 1.949. Para quem é louco para conhecê-la, assista o filme: “O Último Imperador” que foi gravado lá. E, mostra de forma muito clara como era a vida no período da última dinastia. Este grande complexo arquitetônico foi terminado em 1.420. Neste local, 24 imperadores reinaram por quase 500 anos. Para explorar a Cidade Proibida contratamos um guia. Valeu muito à pena, pois a cidade é imensa, cheia de detalhes e história. Uma dica interessante é visitar o Parque Jing Shan depois e visualizar a cidade proibida do alto.




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Parque Jing Shan
Outra forma de entender a magnitude da Cidade Proibida é vê-la do alto. Dizem que a colina foi criada com a terra escavada na construção do fosso do palácio. A grande vista pode-se ter do Pavilhão Wancheng. Só preparem as canelas e a máquina fotográfica.




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Muralha da China
É impossível explicar a sua grandiosidade e os sentimentos que ela repercute em você. É uma experiência única. Os chineses conseguiram levantar uma imensa muralha no meio da floresta por milhares de quilômetros, e antes de Cristo. A dica é ir de tênis e com roupa confortável. Leve um lanche na mochila e umas 2 garrafinhas de água. Prepare-se para andar muito e tirar fotos como louco. Contratamos um guia que nos levou de carro até o local. Pelo que eu entendi a muralha tem 4 pontos de visitação. Fomos em Mutianyu, a 90 km de Pequim. A muralha possui uma série de torres de observação ao longo do percurso que foram restauradas.
















- Fazer um passeio de riquixá motorizado por dentro dos hutongs, mas depois descobrimos que os motorizados são clandestinos, mas foi muito divertido.








- Hutongs




- Ir a um show de Kung Fu;
- Conhecer o Estádio Olímpico Nacional, mais conhecido como o ninho do pássaro;








- Visitar a Praça da Paz Celestial e passar pelo Mausoléu ao Mao, Museu Nacional da China e Sede do Congresso Chinês, além da entrada da Cidade Proibida com a icônica foto de Mao, que declarou naquela praça a República Popular da China, em 1949.




- Correr no Tian Tan Dong Lu Parque e poder conhecer o complexo de Tian Tan.
DE PEQUIM A HONG KONG: AVIÃO
- Ficamos pelo menos 5 noites em cada cidade, devido ao tempo que se gasta nas viagens. Geralmente, perde-se o dia. O aeroporto de Pequim é muito longe, apesar da distância e do trânsito caótico optamos pelo táxi por ser barato. Uma viagem de 90 minutos custou cerca de R$ 30, mas tivemos que sair com 4 horas de antecedência!
- Durante o trajeto de táxi fomos acompanhando as nossas reservas pelo aplicativo CHECK MY TRIP que nos foi muito útil. A nossa percepção sobre o Aeroporto de Pequim foi negativa. Restaurantes ruins e meio fedorentos. O lanche que comemos no Starbucks da área embarcada não fez bem. Os funcionários do raio-X são bem hostis. Talvez, não estivessem de bom humor naquele dia.
- De Pequim a Hong Kong são 2.500 km de distância. Como fizemos este trecho em uma Cia. aérea low cost (Hong Kong Airlines), tivemos que rebolar para não estourar os 20 kg por pessoa. Uma mala deu 20,4 kg e a outra 20,7kg.
TERCEIRA PARADA: HONG KONG
Hong Kong é uma mistura de sentidos. Recebeu influências de Inglaterra e Portugal. Hoje possui um status de grande centro financeiro. É uma cidade cosmopolita, energizada e ao mesmo tempo enigmática com os seus templos budistas e taoístas. O novo e o velho estão presentes lado a lado.




Lembrando um pouco de história, após a Guerra do Ópio (1839-1860), a China teve que ceder Hong Kong aos britânicos. Em 1899, os dois países assinaram um acordo de 99 anos, findado em 1997, ano em que os britânicos devolveram Hong Kong à China como uma Região Administrativa Especial, com autonomia política – pero no mucho. Poucos meses depois de nossa visita, o povo honconguês entrou em uma grande onda de protestos contra a interferência da China nas próximas eleições locais – o “partidão” definiu o seguinte: vocês têm autonomia para escolher o presidente, mas Pequim vai indicar os candidatos!
O contraste social e econômico é a maior atração de estar em Hong Kong. Se na China a Internet é proibida, em HK compramos em 3 minutos e por uma ninharia um SIM card com 4G e uma velocidade que nunca vimos semelhança no Brasil. Foi em Hong Kong que pudemos constatar os famosos andaimes de bambu nas construções. Não demos conta de correr na Avenue of Stars, mas pudemos apreciar a Victoria Harbour e curtir o Skyline noturno tomando um drink no topo de um prédio num bar.




Como uma rica cidade britânica, Hong Kong tem uma infra turística invejável. O aeroporto é fantástico e tem um serviço incrível: você pode fazer o check in no centro da cidade e despachar as suas malas de lá. Basta comprar o trem expresso para o aeroporto que você acessa os guichês das companhias aéreas no centro da cidade. Foi lá que conhecemos o melhor hotel que já ficamos em nossas vidas, o Hotel Icon, uma escola de hotelaria com serviço imperdível. As soluções urbanas, a extravagância e a modernidade são a marca de Hong Kong, algo que vimos meses depois em Singapura: uma “China” com gente rica, produtiva, sofisticada e global.




Atividades que adoramos fazer em 6 dias de Hong Kong:
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Templo Man Mo
Foi muito interessante conhecer esse templo taoísta. O local é repleto de urnas com oferendas para os mortos, espirais de incenso com bilhetinhos pendurados e velas acesas por todos os lados.




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Complexo de escadas rolantes e ruas
Muito interessante a forma de como as escadas rolantes são interligadas com as pontes que por sua vez são interligadas com os shoppings, criando uma espécie de parte alta e parte baixa da cidade. É como se o seu trajeto fosse composto de várias partes. Às vezes você acaba se perdendo, mas tudo é muito sinalizado e as pessoas falam inglês e são mais educadas.




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Star Ferry
Estes ferrys são da década de 60 e fazem o trajeto entre Kowloon e a ilha Hong Kong. O visual vale muito a pena.
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Mosteiro dos 10 mil Budas
Uma caminhada de 20 minutos que leva ao Pagode dos 10 Mil Budas. Lugar lindo. Prepare as canelas e a máquina.




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O maior Buda de bronze do mundo
Este foi um dos lugares que mais gostamos da viagem de volta ao mundo. O Grande Buda é uma estátua de 26 metros no alto de um monte na ilha de Lantau. Está no meio de uma floresta. E você chega lá por meio de uma viagem de meia hora de teleférico, linda, imperdível. A chegada pelo bonde é maravilhosa.




Como estávamos em uma viagem de volta ao mundo, demos só uma petiscada na China, mas apesar das enormes diferenças culturais e de um ou outro desconforto, ficamos loucos para voltar – e vamos!